Maio Furta-Cor: Saúde Mental Materna Importa!

     O Maio furta-cor visa trazer reflexões sobre a Saúde Mental Materna. Seu principal objetivo é promover discursões, ações e movimentos que tragam amparo para as mães. Afinal, proteger a maternagem é proteger o futuro!

     Minha avó que tem 94 anos conta que na sua época quando uma mulher paria, ela ficava de resguardo e nem a luz do sol podia ver, tomava canja de galinha (preparada por sua família) por dias, comia rapadura para aumentar o leite materno e era proibida de se levantar. O bebê era amparado pela mãe e pela família. Assim que nascia, já parecia com alguém, em seu primeiro choro já era subjetivado e imediatamente emaranhado na teia parental construída há muitas gerações. 

     O Maio Furta-Cor vem desmistificar a maternidade romântica, o cuidado materno visto apenas como prazeroso e desejoso. Vem estampar o sofrimento de muitas mães que estão solitárias e exaustas com seu filho em seus braços. Vem escancarar que a rede de apoio está escassa e que as cobranças sociais são massacrantes e adoecedoras. 

     As nuances do furta-cor mostram que a parentalidade é construída em rede (pai, avós, tios, amigos, escola, sociedade) com espectros diferentes para cada família. Porém, todos possuem o mesmo desafio que é o de desenvolver integralmente uma criança. Ninguém sem apoio, com as exigências atuais consegue, muito menos uma mãe!

      É necessário contextualizar o que as mães vem vivenciando caladas! Sofrendo a pressão social de serem a mulher polvo, aquela que dá conta de tudo. O Maio Furta-Cor é a negativa desse título! É o grito de que as mulheres precisam ser acolhidas para pode conseguir acolher o bebê e a criança, para isso precisamos de tempo e apoio social e familiar.

     Não podemos mais negar todas as transformações que ocorrem com a mãe, quando o bebê chega. Um turbilhão de emoções vem junto. É natural existir um misto de alegrias e também de tristeza, afinal, lutos são naturais dessa nova fase da vida da mulher. A recém mãe vivencia a perda do corpo anterior a maternidade, a perda de seu lugar de filha, a perda de uma rotina já conhecida, a perda do bebê idealizado. Muitos lutos para lidar e também, a incorporação de outras responsabilidades, preocupações e rotinas.

     O cuidado direcionado ao bebê é ambíguo, preenchido pelos sentimentos de prazer e desprazer e carregado de inseguranças. A mulher/mãe vai sendo construída em meio ao caos emocional e ao desamparo. Não há naturalidade em pedir que uma recém mãe consiga lidar com toda carga emocional e também, cuidar de um bebê sem apoio.  

      Por isso, é preciso falar sobre as dores da maternidade atual. As dores dos post de maternidade que exibem um bebê de fácil manejo, uma mãe sempre feliz, limpa, com um corpo sarado e lidando com o sucesso profissional. Posts que só fazem aumentar as ansiedades e sofrimento. 

     É verdade que o mundo tem passado por inúmeras transformações, mas o bebê humano é o mesmo de antigamente e possui as mesmas necessidades de escuta, disponibilidade afetiva e física. A mãe também é a mesma e precisa de suporte emocional e social para conseguir atender as exigências do bebê.

     Se o bebê de hoje representa o adulto de amanhã, cuidar de uma mãe representa cuidar do futuro. Falar sobre a saúde mental materna é falar sobre promoção de saúde e sobretudo, falar sobre prevenção.